Entrevista semanário V – 20 anos de provedor
Bento Morais, Provedor da Santa Casa da Misericórdia desde 1997, assume hoje um papel de destaque na nossa edição. A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde é uma instituição de referência no plano nacional das Misericórdias, sendo impulsionadora do concelho de Vila Verde, assumindo-se como a principal entidade empregadora, com 700 colaboradores, entre as 6 maiores do distrito, com nota de destaque para o magnífico trabalho desenvolvido na área da saúde e na área social.
O Hospital da Misericórdia de Vila Verde assume um papel fundamental no panorama da saúde da região, assumindo-se como o melhor das Misericórdias do Minho e um dos melhores do país. Estes dados são relativos ao relatório SINAS, que atribuiu excelência clínica a esta unidade hospitalar.
Com equipamento de topo, esta unidade de saúde, depois de requalificada, possui 3 salas de cirurgia com o melhor equipamento do mercado e Consultas de clínica geral em regime de atendimento permanente 24h.
Está há 20 anos à frente dos destinos da Santa Casa. O que encontrou quando assumiu a provedoria?
Há vinte anos atrás, em 1997, depois do resultado das eleições para os órgãos sociais, começaram as responsabilidades de gerir a Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde. Quando então assumi o cargo de Provedor, era uma instituição pequena, humilde, com cerca de 60 idosos, 60 crianças e 54 colaboradores.
Nesta altura foi construído o centro de saúde novo e deixaram o hospital ao abandono, completamente degradado. Foi nesta altura que o Hospital nos foi devolvido por parte do ministério da saúde.
Depois de várias diligências encetadas junto da ARS-Norte, assinou-se um acordo de cooperação para prestação de cuidados de saúde, e fizeram-se obras de limpeza, pintura e algumas beneficiações, inauguradas no ano de 1997 com a presença da então Sra. Ministra da Saúde, Dra. Maria de Belém.
Iniciamos a contratação de médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares, passo a passo, e, cautelosamente, demos início ao nosso investimento na saúde, não tendo sido fácil.
Na década 2000/2010 começávamos então a ser reconhecidos pelo nosso bom serviço que prestávamos aos nossos doentes e tínhamos visitas diárias de inspecções e auditorias, porque nesta altura estávamos já a incomodar interesses instalados.
Hoje o hospital da Misericórdia é uma referência a nível nacional como comprovam os resultados do SINAS que atribui Excelência clínica à vossa unidade hospitalar. A que se deve esse sucesso?
Depois de muita luta com as autoridades da saúde, e com a ajuda da UMP e do seu Presidente Dr. Manuel Lemos, e o número de doentes e utentes sempre a aumentar em todas as especialidades e exames, sentimos necessidade de aumentar a capacidade do nosso hospital e assim melhorar todos os serviços para melhor servir os nossos doentes. Após candidatura apresentada ao ON.2 (CCDR Norte) e concurso público, demos por concluídas as obras de remodelação e ampliação de todo o edifício hospitalar, que atualmente tem o dobro da capacidade que tinha. Estas recentes obras de remodelação e ampliação do Hospital,foram inauguradas em 2015 pelo então Sr. Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo. Trabalhamos em todas as especialidades, melhoramos e requalificámos o nosso bloco operatório. Temos agora 3 salas de operação equipadas com a mais alta tecnologia, maternidade a funcionar em pleno, e equipamento de imagiologia do melhor do país, com a aquisição da ressonância magnética no ano transacto, que foi um ponto marcante para a saúde em Vila Verde.
De destacar também as nossas Unidades de Cuidados Continuados: temos um total de 83 camas, repartidas entre média duração, longa duração, paliativos e convalescença.
Sabemos que a Santa Casa deve ser uma entidade de ajuda social. Ao nível social quais as valências que a SCMVV tem e quais os principal trabalho feito por si nessa área?
Temos três frentes de actuação. A deficiência, educação e ação social. Tal como referi, quando cheguei à Provedoria, tínhamos cerca de 100 utentes entre crianças e idosos. Na área da deficiência ampliámos e requalificámos o CAO e Lar Residencial, actualmente com 33 utentes. Ampliámos a ERPI de Vila Verde. Um trabalho em prol do bem-estar dos nossos utentes. Descentralizamos também os nossos serviços e construímos a ERPI em Prado e actualmente conta com 30 idosos no lar, 10 em apoio ao domicílio e 10 em centro de dia. Em Prado ainda, temos uma creche. Em Valbom São Pedro, construímos a ERPI, de topo, que alberga e cuida de 40 idosos. Em Vila Verde, temos duas ERPI ao dispor dos nossos utentes, um centro de dia e um serviço de apoio ao domicílio. Em Vila Verde o nosso infantário acolhe cerca de 300 crianças. Ajudamos ainda a população desfavorecida,temos ainda a loja social e a cantina social.
Qual o momento mais marcante neste seu tão longo percurso como provedor?
Não é fácil de eleger um momento especial e marcante. São inúmeros momentos dos quais me orgulho muito. A ampliação do hospital foi um grande passo dado por e pela nossa instituição para servir os nossos doentes e o nosso concelho, e é, sem dúvida, uma referência na saúde no plano nacional, graças ao nosso esforço e dedicação.
A SCMVV é hoje a entidade que mais emprega em Vila Verde. Acha que os vilaverdenses têm boas qualificações para trabalhar na área da saúde?
Para acompanhar todo este processo, fomos construindo postos de trabalho que foram preenchidos por jovens, principalmente de Vila Verde, e hoje somos uma equipa com mais de 600 colaboradores e mais de 130 médicos. Tenho muito orgulho em toda a equipa, e os jovens Vilaverdenses são uma mais-valia não só na área da saúde, mas também nas áreas sociais. Somos uma instituição de Vila Verde que trabalha para o bem-estar dos Vilaverdenses, por isso é que a nossa equipa é maioritariamente composta por jovens de Vila Verde. E claro que sim, os Vilaverdenses são excelentes profissionais!
No final das férias prevê-se a ativação de um novo colégio na SCMVV. A estratégia passa por fixar os mais jovens no concelho? Como está a decorrer esse processo?
O colégio é uma mais-valia para as famílias e crianças do concelho de Vila Verde. Traz valor, emprego e vem colmatar uma necessidade no concelho de Vila Verde na área da educação. Vai ter capacidade para cerca de 200 crianças e será uma unidade de educação que apostará na proximidade e qualidade que é a marca da SCMVV.
Pretende continuar como provedor por quantos anos?
Não sei, depende da Irmandade obviamente. Faço o meu trabalho diariamente sem pensar em eleições. Mas ainda tenho ambições, projetos e desejos para cumprir. Temos a ERPI de Marrancos para construir, a requalificação do Lar em Vila Verde e a ampliação do CAO e Lar Residencial para a deficiência, entre outros projetos.
O seu filho José Morais é candidato à Câmara Municipal de Vila Verde. Como vê a candidatura?
É meu filho! Sei bem da sua grande capacidade de trabalho. Conheço a sua paixão por Vila Verde e acredito que é a pessoa certa para ajudar a nossa terra. Admito o facto de encarar a política como um serviço às pessoas. Tenho a certeza que saberá estar à altura dos desafios sociais, culturais, económicos do concelho de Vila Verde.
